quarta-feira, janeiro 22, 2003

Voltando às pedras

A gente sempre encontra pedras no meio do caminho. Pequenas, grandes, limpas, sujas, brilhantes, não importa, elas estão sempre lá.

As pequenas às vezes te fazem tropeçar ou às vezes nem as notamos, passamos por cima e nada muda no caminho. Algumas a gente recolhe.

As grandes podem servir como um degrau para ver o que há além ou para te dar um tombo. O melhor é contorná-las da melhor maneira possível ou removê-las do caminho, para que quem vem atrás não tropece. Mas ainda assim algumas a gente leva junto.

As sujas podem te fazer escorregar ou podem esconder por debaixo do limo algo muito brilhante.

E as brilhantes, ah! as brilhantes. Grandes ou pequenas, nos chamam a atenção quase sempre. Algum tempo depois elas podem mostrar serem apenas zircônias, e não aquele diamante que você pensava ser, mas muitas pessoas são engambeladas (que palavra antiga!) assim. O pior é quando confundimos vidro - que pode te machucar - com diamante.

E chega uma hora em que temos de descansar e lá estamos nós cheios de pedras recolhidas durante aquele dia ou antes até. O certo seria guardar junto da gente as brilhantes e deixar as outras no meio do caminho. Levar a menor pedra que seja pode atrapalhar o sono ( tem uma estória de um príncipe que queria achar uma verdadeira princesa e para isso usava do seguinte artifício : convidada a suposta princesa para dormir em seu castelo e... não, não é nada disso que você está pensando,,, e a colocava para dormir em uma cama que tinha vários colchões, mas lá embaixo dos colchões havia uma ervilha. Pela manhã perguntava como a moça havia dormido e, invariavelmente, ouvia : "muito bem!". Péééé! Princesa Falsa!. Então um dia chegou outra moça se dizendo princesa. Na manhã seguinte, ao ser interpelada (que chique!!) sobre sua noite, respondeu : "muito mal! havia algo sob os colchões que não me deixou dormir e deixou meu corpo todo roxo!". Pronto! Ele encontrara uma verdadeira princesa, pois apenas a pele delicada de uma princesa poderia ser incomodada pela ervilha). Todos somos um pouco príncipes e princesas, pois uma pedrinha que seja que levemos conosco ao deitar pode perturbar o sono.

Não levando as pedras ao dormir pode acontecer de, na manhã seguinte ao recolhermos as pedras para continuar o caminho, esqueçamos as menores. E o melhor é que elas nem farão falta.

As outras a gente precisa ir vendo o que fazer com elas no decorrer do caminho. E ao final deveríamos ter apenas diamantes.

Eu preciso aprender a largar as pedras ao dormir. Eu preciso aprender a jogar fora algumas pedras.

Engraçado que quando imagino este caminho, imagino um caminho de terra batida, com algumas pedras de variados tamanhos, mas são sempre aquelas pedras conhecidas como "satélites de diamante" ( eu quase cursei Geologia, e meu pai tem algum conhecimento sobre o assunto e me passou. Preciso contar a história do arenito algum dia). Será que inconscientemente eu sei que há diamantes no meu caminho? Eu já carrego alguns comigo, tenho certeza, mas sempre há lugar para mais :)

Pedras, problemas, situações e pessoas.

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